quinta-feira, 9 de maio de 2013

Algumas gotas do tempo - a vida é a arte do encontro

Olá, meu nome é Júlia. Não sei bem como cai aqui,mas na verdade eu tenho uma teoria...ela consiste em que as melhores coisas sempre acontecem pelo acaso. Seja algo relacionado ao destino ou não, eu acredito que sempre se tem algo desconhecido incrível vindo de encontro a você, pronto para ser agarrado. Disse a um amigo esses dias, partindo da frase do Moraes, que se “a vida é a arte do encontro”; pensei então que a arte do acaso talvez seja virar na esquina errada que te leva ao caminho certo.


Nessa versão da vida, meu nome é Júlia. Era pra ser Bia, Beatriz, mas isso seria uma história totalmente diferente. Bom, como minha prima se chama Lia meus pais resolveram me chamar de Jú – lia, então, tudo que a gente queria dizer que era nosso, quando pequenas, escrevíamos Ju – Lia.

Acho que grande parte de onde eu estou agora se deve ao desenho. Desde que eu me lembre, sempre gostei de desenhar. Meus pais sempre me incentivaram, então acho que acreditei nisso também. ­­
















































Lost my emotions box -a cemetery of boxes for an apathetic society

Ás vezes, quando não queremos demonstrar alguns sentimentos/emoções, nós a guardamos, como se fosse em uma caixinha. Somos parte dessa sociedade, que lê os jornais todos os dias, os mesmos que documentam as mais horríveis atrocidades todos os dias, e acabamos por nos acostumar. Nos acostumamos a tal ponto de perder as emoções, esquecidas em algum lugar.. Esse é um cemitério, para uma sociedade apática, que perdeu a capacidade de se emocionar. 

Desenhar é muito bom, e assim como nos livros, te leva para qualquer lugar. Mas quando não se vive pleno com o desenho, sabendo que ele por si só, na verdade não ajuda ninguém, ele não é mais suficiente.

Quando chegou o drama: “o que você vai prestar?”, eu não sabia, e ainda não sei bem na verdade. O ideal mesmo seria dar uma pausa na sequência do tempo e estudar tudo que desse, pra ver se conseguimos entender melhor toda a loucura que vivemos. E só então, dar play.
Mas afinal o que prestar, quando tudo se pode prestar em qualquer área, e fazer total diferença? Fiquei entre artes plásticas, arquitetura, direito, filosofia e ciências sociais; eu estava perdida. Só conhecia minha vontade em ajudar as pessoas com aquilo que sei, mas aquelas pessoas em que ninguém costuma prestar atenção.

No final, acabou que a pressão foi tanta que decidi, precisava relaxar um pouco. Então fui pelas eliminatórias. Eu queria algo com o desenho, mas algo prático, na qual ele fosse aplicado. Ok, Design. Mas design do que? Não queria fazer produto, interiores, moda e muito menos jóias. Design gráfico, eu nem sabia o que era isso na verdade, mas eu fui em frente.

Na minha cabeça um fato que muitas vezes faz a arte se desvalorizar, de certa maneira, é quando a sua mensagem, a sua crítica, não se dá diretamente. Ás vezes a mensagem costuma ser tão escondida e dúbia que o que se quer dizer, passa despercebido. Não, eu preciso que entendam. Não acredito na arte pela arte... 
Eu precisava de algo que passasse a mensagem direta, e que de alguma forma despertasse, incomodasse, cada um. Design gráfico é uma fusão da comunicação, é a mensagem ali te dando um tapa na cara, é aliar a técnica à criatividade, usando-a a favor do projeto em que se acredita.





















































The Economist,  entre uma das revistas mais vendidas no mundo.


Fernando Pessoa dizia: O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.

Partindo da premissa de que hoje o design significa projeto, e que nós podemos fazer tudo e mais, eis o primeiro vídeo que vi em uma das minhas primeiras aulas na faculdade. Foi ai que pensei: Certo, eu estou onde era pra eu estar. 

http://www.tedxsaopaulo.com.br/denis-russo/



Por um bom tempo, as únicas conversas que eu tinha eram baseadas na frustração típica de uma pessoa que está extremamente cética e desanimada com o rumo que as coisas do mundo andam... Mas que na verdade, está tão perdida quanto ele, ela quer fazer algo, mas ela não sabe como.
Entre alguns tantos e pequenos atos de doação aqui e ali, alguns movimentos em conjunto, participei de um projeto da ONG Sonhar Acordado. Foi muito bom, mas depois de um tempo aquilo ficou ecoando na cabeça... eu queria dar para essas crianças muito mais do que um dia no parque. Eu queria e quero doar o que puder, doar meu tempo e o que estiver ao alcance da minha capacidade.





 





Pensando agora, isso é mais uma prova de que quando a gente quer, as coisas se arranjam. 
Tudo conspira para isso. Por um tempo sonhei com outro mundo, mas agora o sonho já é outro. Se eu tivesse que escolher um sonho para realizar, acho que seria uma vida na qual eu pudesse, mesmo que de longe, ver alguns segredos/essências do mundo e ao mesmo tempo trabalhar em prol dele.

A utopia do meu sonho seria algo como o Ciro Pirandi diz, construir uma nova cidade pensada e desenhada para todos. Uma construção coletiva de uma sociedade mais justa e pacífica, que  consequentemente criaria uma nova relação entre as conexões pessoais, construindo não apenas um novo sistema, mas um sistema que reflita diretamente nas pessoas e que fermente novas lógicas de pensamento. 
Nada melhor que a arquitetura, que lida com tantas disciplinas em sua gama de complexidades. “Ou a arquitetura é um discurso para existência humana, ou ela não serve para nada. Além do ego do arquiteto que a fez.”  C.P.

Esse sonho, porém, não veio do céu. Ele teve como faísca um momento antigo, e acho que o punctum disso foi em um dos tantos domingos, entre mil nuvens na cabeça, quando estava com minha prima, e disse: Lica, deixa eu ver seus projetos da facul? E ela então começou a me mostrar plantas, maquetes, etc. Ela: Ah, esse daqui foi uma espécie de centro cultural que tínhamos que projetar, de maneira que fosse acessível a todos, eficiente e sustentável. Eu: O que são esses quadrados? Ela respondia: Isso é bem legal, foi um jeito que encontramos de fazer claraboias baratas e eficientes, que entrasse luz natural, o centro cultural funcionaria só de dia, então não seria necessário luz elétrica. Dentro: É isso!

Aqui vai um pouco da linha que se faz por si mesma, vídeo em homenagem ao querido Niemeyer: 


A partir daí em cada esquina errada do caminho certo eu descobri mais coisas incríveis a cada dia, projetos dos quais valem a pena viver, projetos que fazem sentido. E em meio deles, cada vez mais pessoas que fazem sentido, pessoas que discutem ideias e que te levam ao inusitado e no impensado, até então. Cada vez mais pessoas que te dão gosto pela corrida da vida.
São tantas e cada uma tão especial em sua peculiaridade, que classificá-las seria subestimar a tamanha importância de cada uma delas a cada minuto.

Jack Kerouac

Pessoas que são loucas para viver, de sua maneira particular:






À cada palavra, a cada sorriso, todos tem aqueles que sustentam seus passos. 
Esses são os meus.

Nesse começo de ano, o projeto do semestre era construir uma revista com qualquer tema ligado à transformação social. Pensei, ok. Já que eu não começo arquitetura enquanto não termino essa faculdade (esse é o plano!) que a arquitetura, seja meu projeto. Foi o palpite certo na hora certa: referências e mais referências, uma conversa aqui, outra dica ali, conhecendo tantos projetos transformadores internacionais, Architectures For Humanity, Delivering Hapiness, Design for Change, Building Trust Internacional, Ashoka, Rakafuki Friends, TOMS, entre muitos outros.....
Não é possível!!
Mas o que está acontecendo aqui no Brasi, pensei. E onde nós podemos atuar diretamente?
Depois de tempos procurando, finalmente achei. Conheci o TETO, e nem preciso dizer que desde então não deixei mais de ir. Mesmo com seus problemas, tem um enorme valor.
Esse projeto, como tantos outros, me levou aonde eu nem sequer imaginava.


Em um dia qualquer, outra vez, sem querer(mas querendo) conheci o Oasis através de um tetchero querido. E agora estou participando e contribuindo na linda comunidade do Souza Ramos, aprendendo e aprendendo cada vez mais que as nossas mãos junto com a nossa vontade, são mais do que o suficientes para que o mundo vire de ponta cabeça. Por essas, acabei conhecendo o Guerreiros também. 

Acredito que tenho uma certa fome pelo novo, uma fome de quem não suporta ficar parado. Não sei se é exatamente uma qualidade, acho que tem seus dois lados. Pode me tornar alguém nunca satisfeito à longo prazo, e que vive passando de lugar em lugar. Mas pode me levar além também.
A razão que me leva a acreditar que posso participar é a grande urgência de viver que acredito existir em mim, uma urgência de fazer cada vez mais, de aprender. Acredito que poderei crescer, e muito, no guerreiros. Talvez nem precisasse dizer isso, mas vou dizer:


Nos primeiros 00:34 esse vídeo me ganhou.








8 comentários:

  1. Jú, te conheci há tão pouco tempo e cada vez mais a minha admiração cresce por ti. Primeiro por que você citou duas vezes Fernando Pessoa (rs), segundo por que você escreve muito bem e por fim e não menos importante, por que você é linda demais, por dentro e por fora! Adorei sua teoria do acaso, e me convenceu que muitas vezes o acaso nos leva para o caminho certo. Sobre a inquietação e por estar perdida, vamos achar juntas o caminho para mudarmos o mundo!!!!!

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    1. Fe, muito obrigada linda. Gostei muito de te conhecer, você é realmente incrível, como pessoa, como amiga, como tudo. A gente se conheceu agora, mas desconfio que já faz um tempão.. e sim vamos juntas achar esse caminho!! =D

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    2. kkk eu também desconfio disso!!!! A palavra é CARALHO já tenho maior carinho por ti sabe?! hahahahah :D Agr é adentrarmos o guerreiros, imagina a gente morando juntas em santos *-------* vai ser animaaaaaaaaaaal!

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  2. Oi Guerreira! Tudo bem?

    Meu nome é Raíssa, também estou no Caminho do SIM! Amei o seu blog! Amei as fotos, as citações, tudo. E concordando com a Fernanda, você de fato escreve muito bem! :)

    Que tal nos encontrarmos? Vi que você é de São Paulo. Estou organizando um almoço amanhã, você pode?
    Meu facebook é: Raíssa Teles

    E dê uma olhada no meu blog: http://raissagsa2014.wordpress.com/

    Beijos e parabéns!
    Raíssa

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    1. Oi Rá pode deixar vou ver sim, muito obrigada! =]
      Só vi agora, amanhã nos vemos então! ;]

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  3. Adorei o blog e suas histórias! :)

    Dá uma olhadinha aqui tbm: http://analugomidegsa2014.blogspot.com.br/

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  4. Lindo Ju! São poucas as pessoas que conseguem por alma naquilo que fazem, você conseguiu isso ao escrever esse post :)Até me emocionei em pensar que, por acaso, nessa arte do encontro que é a vida tenho encontrado tantas pessoas legais e tão dispostas a fazer a diferença. Bjs

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